terça-feira, 7 de outubro de 2008

Sobre eleições

O Cão e o Frasco - C. Baudelaire

Meu belo cão, meu bom cãozinho, meu querido totó, chegue mais perto e venha aspirar um perfume excelente, comprado do melhor perfumista da cidade.
E o cão, abanando a cauda, que creio eu é nestes pobres seres o signo que corresponde ao riso e ao sorriso, se aproxima e pousa curiosamente seu focinho úmido sobre o frasco aberto; então, recuando subitamente, late assustado para mim em sonora reprovação.
Ah, cão miserável, se eu tivesse lhe oferecido um pacote de excrementos você o cheiraria deliciado e talvez até o devorasse.
Por isso você, indigno companheiro de minha triste vida, até você se assemelha ao público, ao qual não podemos jamais apresentar perfumes delicados que o exasperem, mas somente imundícies cuidadosamente escolhidas.